Darwin, a gripe suína e o aparelho para desentortar bananas

Quando afirmo que o darwinismo ortodoxo a la Darwin é tema fértil para o humor, alguns condoídos em suas crenças, rotulam-me de debochado. Todavia, não faltam exemplos que justificam essa minha afirmativa. Se não, vejamos o que escreveu um desses “garotos levados de Darwin”, num banal debate numa determinada comunidade do Orkut:

"Meus amigos crias, a biologia nunca atrasou a ciência, e podem agradecer todas vacininhas e remédinhos que voces tomam à teoria da evolucao por seleção natural, pois para fazer muitos remédios utilizam técnicas de recombinação e transformação viral que são profundamente baseadas em evolução.Se a S.N. nao existisse voces estariam mortinhos por alguma gripe da vida aí e nao estariam aqui no fórum sendo ingratos assim. E nao adianta falar "voes tbm sao ingratos pq nao acredtiam nao criador" pq ser cientista e saber que evolucao existe nao obriga ng a ser ateu...” (SIC)
Confesso que já li muitos devaneios darwinísticos, mas esse, se fora em outra ocasião, me faria “ri até cuspir o fígado!”

Ora, já se passaram vários meses desde o início da famigerada gripe suína, e para meu espanto, até o momento ainda não li, nem mesmo na página de Ciência da Folha, alguma cousa do tipo:

Darwinistas encontram a cura para gripe suína.”

Ou mesmo:
"Seleção Natural é a chave para a cura da gripe suína.”
Ou ainda:
“OMS acredita que a vacina virá da Teoria da Evolução.”
Ou algo do tipo:
"Cientistas darwinistas chegam ao Brasil em missão de guerra contra a gripe”.

E por falar em gripe, é comum a turminha de Darwin usar como exemplo de contribuição do darwinismo à Medicina, a resistência das bactérias aos antibióticos. Porém, será que isso realmente pode ser considerado um bom exemplo de mudança evolutiva?

Ninguém melhor do que alguém que entende da questão para discorrer sobre o assunto. E o melhor de tudo: com muito humor. Vejamos este texto de autoria de Michael Egnor, um dos neurocirurgiões americanos mais respeitados conforme o jornal The New York Times.
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Depressa, enfermeira, aplique uma tautologia ao paciente!

O darwinismo é fundamental para o nosso entendimento da resistência bacteriana aos antibióticos?
Tenha em conta o seguinte diálogo (fictício) à beira de uma cama de um paciente com uma grave infecção resistente a antibióticos:

ENFERMEIRA:
- Nada funciona, doutor!

DOUTOR:
- Eu sei. Todos os nossos antibióticos falharam. Penicilina, Cipro, Tetraciclina... Nada funciona!

ENFERMEIRA: -Vamos pedir auxílio aos darwinistas!

DOUTOR (que bate na testa)- É óbvio! O darwinismo é o fundamento de nossa compreensão da resistência bacteriana aos antibióticos. Depressa, enfermeira, aplique uma tautologia no paciente!

Os darwinistas dizem que a teoria de Darwin, que é a teoria de que toda a complexidade biológica apareceu mediante variação aleatória e seleção natural é fundamental para o nosso entendimento da resistência bacteriana aos antibióticos. O que exatamente o darwinismo nos ensina sobre a resistência antibiótica? A microbiologia nos diz que as populações bacterianas são heterogêneas. Uma bactéria difere de outra. A biologia molecular nos diz que algumas bactérias têm mecanismos moleculares com os quais elas podem sobreviver aos antibióticos. A genética molecular nos diz que esses mecanismos de resistência são transmitidos para outras bactérias por meio de gerações de bactérias. A farmacologia nos ajuda criar novos antibióticos que tiram vantagens das defesas bacterianas.

O que o darwinismo acrescenta às ciências de microbiologia, biologia molecular, genética molecular, e farmacologia? O darwinismo nos diz que as bactérias resistentes a antibióticos sobrevivem a exposição aos antibióticos como conseqüência da seleção natural. Ou seja, as bactérias sobrevivem aos antibióticos aos quais elas não são sensíveis, de modo que as bactérias que não morreram eventualmente suplantarão as bactérias que morreram.

A microbiologia, a biologia molecular, a genética molecular e a farmacologia são indispensáveis para a medicina moderna. Nós aprendemos muito sobre as intricadas defesas bacterianas contra os antibióticos, e nós criamos centenas de antibióticos que salvaram milhões de vidas. O que o darwinismo acrescentou a esses milagres? Apenas isso: bactérias que não morreram eventualmente vão suplantar as bactérias mortas (Quick, Nurse, Give the Patient a Tautology!)

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Resumindo: a utilidade do darwinismo para à prática médica pode ser comparado, sem exageros, a um suposto aparelho para desentortar bananas, ou, se preferirem, à água em pó!

É isso!

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