O que é Seleção Natural

Que termo melhor designaria a Seleção Natural proposta por Charles Darwin?

Na tradução para a Língua Portuguesa do livro “A Origem das Espécies” encontrei, por exemplo, os seguintes designativos para este conceito darwiniano:

PRINCÍPIO
“Dei a este princípio, em virtude do qual uma variação, por insignificante que seja, se conserva e se perpetua, se for útil, o nome de seleção natural, para indicar as relações desta seleção com a que o homem pode operar” (p. 76). / “Dei o nome de seleção natural a este princípio de conservação ou de persistência do mais apto. Este princípio conduz ao aperfeiçoamento de cada criatura relativamente às condições orgânicas e inorgânicas da sua existência; e, por conseguinte, na maior parte dos casos, ao que podemos considerar como um progresso de organização” (p. 145).

PODER
“Mas a seleção natural, como veremos mais adiante, é um poder sempre pronto a atuar; poder tão superior aos fracos esforços do homem como as obras da natureza são superiores às da arte” (p. 76).

LEI
“Compreenderemos melhor a aplicação da lei da seleção natural tomando para exemplo um país submetido a quaisquer ligeiras alterações físicas, uma alteração climatérica, por exemplo” (p. 95). / “... nos dois casos, as leis da variação têm sido as mesmas, e as modificações têm-se acumulado, em virtude da mesma lei, a seleção natural” (p. 411).

DOUTRINA
“Sei bem que esta doutrina da seleção natural, baseada sobre exemplos análogos àqueles que acabo de citar, pode levantar as objeções que a princípio se tinham oposto às magníficas hipóteses de sir Charles Lyell, quando quis explicar as transformações geológicas pela ação das causas atuais” (p. 110). / “O fato de poucas ou nenhumas modificações se produzirem depois do período glaciário teria algum valor contra os que crêem numa lei inata e necessária de desenvolvimento; mas é impotente contra a doutrina da seleção natural, ou da persistência do mais apto, porque esta implica a conservação de todas as variações e de todas as diferenças individuais e vantajosas que surjam, o que somente pode acontecer em circunstâncias favoráveis” (p.229). / “É a doutrina de Malthus aplicada a todo o reino animal e a todo o reino vegetal” (p. 17).

TEORIA
“A teoria da seleção natural faz-nos compreender claramente porque não sucede assim; a seleção natural, com efeito, atua apenas aproveitando leves variações sucessivas, não pode pois jamais dar saltos bruscos e consideráveis, só pode avançar por graus insignificantes, lentos e seguros” (p. 214). / “A teoria da seleção natural permite-nos compreender claramente o valor completo do antigo axioma: Natura non facit saltum” (p. 226).

AGENTE
“Mas, desde que as minhas conclusões têm sido, recentemente, fortemente deturpadas, e desde que se tem afirmado que atribuo as modificações das espécies exclusivamente à seleção natural, permitir-se-me-á, sem dúvida, fazer notar que, na primeira edição desta obra, assim como nas edições subseqüentes, sempre reproduzi numa posição bem evidente, isto é, no fim da introdução, a frase seguinte: “Estou convencido que a seleção natural tem sido o agente principal das modificações, mas jamais o foi exclusivamente”. Isto foi em vão, tão grande é o poder de uma constante e falsa demonstração; todavia, a história da ciência prova felizmente que não dura muito tempo” (p. 544).

PROCESSO
“Ora, em dois países muito diferentes com relação às condições de vida, indivíduos pertencendo a uma mesma espécie, tendo, porém, uma constituição ou uma conformação ligeiramente diferentes, podem muitas vezes aclimatar-se melhor num país que noutro; resulta que, por processo de seleção natural que mais adiante exporemos minuciosamente, podem formar-se duas sub-raças” (p. 48: Charles Darwin: "A Origem das Espécies". Tradução: Joaquim da Mesquita Paul. Lello & Irmão Editores. Porto, 2003).

Bom. Pouco importa qual seja o melhor ou o pior designador dessa tautologia da ciência, o que realmente interessa é: ela explica verdadeiramente aquilo a que se propõe?

Pegue-se qualquer outro termo o bote no lugar da expressão “Seleção Natural”, e o resultado mostrará que isso faz pouca ou nenhuma diferença, pois sua “essência” não é científica, mas ideológica:

"Alguns daqueles que admitem o princípio da evolução, mas rejeitam a seleção natural, ao tecerem críticas ao meu livro parecem esquecer que eu tinha pelo menos dois objetivos em mente. Com efeito, se me equivoquei ao atribuir à seleção natural uma excessiva importância, a qual hoje estou bem longe de admitir, ou se lhe exagerei o poder que em si mesmo é provável, pelo menos espero ter prestado um bom serviço, ajudando a pôr por terra o dogma das criações separadas" (Charles Darwin: "A Origem do Homem e a Seleção Sexual". Hemus Editora. São Paulo, 1974, p. 76).

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